Número de casos aumenta pelo sexto dia seguido, justamente duas semanas após o 7 de Setembro

No feriado do 7 de Setembro, com sol a pino, os cariocas não perderam tempo e se amontoaram pelas faixas de areia das zonas Sul e Oeste. A paisagem típica de um dia quente de verão estampou os jornais no dia seguinte, mas por um outro motivo. Diante do cenário de pandemia da covid-19, o distanciamento social, preceito básico para evitar a contaminação, foi desrespeitado sem cerimônia pelos banhistas, que disputavam e se aglomeravam por um banho de sol. O episódio, é claro, representou uma gota d’água em um mar cuja maré segue regida pela falta de cidadania. A conta, obviamente, chegou. E que conta.

Entre 7 e 24 de setembro, o número de casos confirmados de covid-19 saltou de 233.052 para 257.485 — um aumento de 10,7%. O de mortes foi de 16.593 para 18.037 — alta de 8,7%. “O feriadão de 7 de Setembro pode ser simbólico, mas não é apenas um dia que explica esse número, porque, independente do feriado, as pessoas têm lotado praias aos sábados e aos domingos, elas têm se aglomerado, o transporte público não dá conta de condições adequadas”, destaca Chrystina Barros, especialista em saúde pública. Para ela, também houve pouca mobilização por parte das autoridades no que tange a fiscalização e medidas para evitar contágio.

O infectologista e diretor médico do Hospital do Fundão, Alberto Chebabo, acredita que os fluminenses normalizaram o quadro da doença no país e, por isso, o aumento do número de casos e óbitos pode não estar impactando como deveria. “As pessoas estão achando que 800 óbitos por dia no país são pouco, ficam satisfeitos porque antes eram mil. Para boa parte da população, a única coisa que não pode acontecer é a abertura de escolas; o resto, tudo pode”, afirma. 

Irresponsabilidade nos estádios

O prefeito Marcelo Crivella autorizou a volta de pessoas ao Maracanã a partir do dia 4 de outubro, com jogo entre Flamengo e Athletico Paranaense. A reabertura garante que o estádio receba até 20 mil torcedores — um terço da capacidade. Especialistas, entretanto, condenam a decisão.

“Nem na Europa, onde há uma capacidade muito maior de realizar exames, com epidemia em diferentes estágios, tem jogo de futebol com público. Até porque, quem conhece estádios, sabe que as pessoas não vão ficar separadas umas das outras”, destaca Chebabo. Ele adverte ainda sobre outros fatores, como deslocamento e aumento de pessoas no transporte público, perigoso para o aumento da contaminação.

Para ilustrar, Chrystina Barros relembra o caso do Flamengo, que está com 16 jogadores infectados com a covid-19, além do técnico e do próprio presidente do clube.

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